Exigência para que te quero?
Se há algo que sempre me acompanhou ao longo da vida, foi a minha exigência pessoal. Sabes aquela voz incessante que parece murmurar ao ouvido: “Está bom o suficiente”? Durante muito tempo, ela foi a minha guia. E, por mais motivadora que possa parecer, ela também foi a minha maior sabotadora.
A armadilha da perfeição
Acreditava que só poderia comemorar o meu sucesso depois de alcançar o próximo objetivo. O próximo passo. O próximo desafio. Era como estar numa corrida constante contra uma linha de chegada que nunca aparecia. Mesmo quando conquistava algo, a celebração durava pouco – a exigência voltava a bater à porta, com uma nova lista de “melhorias necessárias”.
Por um lado, esta busca pelo melhor ajudou-me a crescer e a alcançar várias metas. Mas, por outro, trouxe um cansaço profundo. A sensação de estar sempre aquém, mesmo quando estava a dar o meu melhor. Não sei se te identificas, mas viver nesse modo de perfeccionismo constante é como tentar preencher um balde furado: nunca parece suficiente.
Foi nesse cenário de pressão interna que a autocompaixão me encontrou.
O encontro com a autocompaixão
Ela não veio como um antídoto instantâneo ou uma desculpa para desistir. Pelo contrário, apareceu como um convite para parar e respirar. Para perceber que o caminho é tão valioso quanto o destino, e que cada falha carrega uma oportunidade de aprender, crescer e, mais importante, acolher-me.
Aceitar que não preciso de ser perfeita para merecer respeito e carinho foi – e ainda é – um dos maiores desafios da minha vida. Parece simples quando dito, mas, para quem está acostumado a medir o valor pessoal pelo desempenho, essa aceitação é quase revolucionária.
Autocompaixão não é acomodação ou fraqueza. É olhar para si mesmo com os olhos de um amigo que te ama incondicionalmente, especialmente nos momentos em que a tua parte mais crítica (eu chamo a minha de Clarice) tenta te convencer do contrário.
A resposta à voz da exigência
Aquela voz exigente ainda está aqui, é claro. Ela não desaparece porque faz parte de mim. Mas hoje, aprendi a responder-lhe com gentileza, algo que nunca imaginei possível:"Eu sou suficiente, agora."
Essa pequena mudança transformou o meu relacionamento comigo mesma. Ao criar espaço para acolher as minhas falhas e imperfeições, percebi que isso não me tornou menos capaz ou ambiciosa. Pelo contrário, ajudou-me a estar mais presente e conectada com o que realmente importa – as pessoas, os momentos e a jornada.
Um convite para ti
Se também te sentes preso(a) nessa espiral de exigência, este é o meu convite: experimenta parar por um momento. Olha para dentro e pergunta:"Como posso ser mais gentil comigo hoje?"
A autocompaixão começa em pequenos gestos: uma pausa antes de uma crítica severa, um momento de silêncio para respirar ou até mesmo o reconhecimento de que estás a dar o teu melhor nas circunstâncias que tens. Não é sobre desistir de melhorar, mas sobre crescer com respeito por ti mesmo(a).
Lembra-te: a compaixão começa por ti. E está tudo bem ser um trabalho em progresso. 🌱✨
Reflexões finais
Este texto não é apenas um desabafo pessoal, mas uma partilha com a esperança de que possa inspirar-te a praticar mais gentileza contigo mesmo(a). Afinal, a autocompaixão não é um luxo; é uma necessidade para viver uma vida mais plena e autêntica.
Se queres dar o próximo passo nessa jornada, convido-te a explorar ferramentas práticas, como conheceres os teu nível de autocompaixão. AQUI
Está lá para te ajudar a começar. E, se precisares de apoio extra, o meu curso "Auto-compaixão: Cultiva a tua Semente Compassiva" pode ser o empurrãozinho que faltava.
Porque, no final das contas, a melhor relação que podemos construir é connosco mesmos. Que tal começares hoje?
Como tens praticado a gentileza contigo mesmo? Partilha nos comentários ou identifica alguém que precisa ouvir esta mensagem.
Comments