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Stutz: Um documentário desconstruído sobre saúde mental


O documentário, que homenageia a personagem principal da história, Phil Stutz, inicia-se com a apresentação ao espetador do motivo pelo qual Jonah, paciente de Stutz há cinco anos, terá decidido “fazer um filme” sobre Stutz. Ainda que tenhamos acesso à relação crua e verdadeiramente especial entre paciente-psicoterapeuta, sente-se a necessidade por parte de Jonah Hill de frisar o real propósito para o desenvolvimento do documentário: o de apresentar as ferramentas e ensinamentos de Stutz, para que estas possam ser difundidas em massa e, consequentemente, ajudar um maior número de pessoas.


Através de recorrentes viagens ao passado, que nos permitem ter acesso e conhecer um pouco da história de vida de ambos, é-nos apresentada a definição de “The Tools”, ou “Ferramentas”, enquanto exercícios de visualização que, de forma quase imediata, nos permitem desenraizar de pensamentos negativos e alcançar uma vida mais feliz e plena. Passemos então às “Ferramentas”:


  • “Life Force”, ou “Força Vital”: uma espécie de pirâmide das necessidades, em que na base encontramos a relação com o nosso Corpo, na camada do meio a relação com os Outros e, no topo da pirâmide, a relação connosco. Antes de nos focarmos em outras dimensões da vida, é importante que tenhamos a “Força Vital” em harmonia.

  • “Part X”, ou “Parte X”: uma parte que é comum a todos nós. A nossa parte crítica e antissocial, a voz da impossibilidade. Apresenta-nos uma ideia muito clara e detalhada do que nós somos e das nossas capacidades, fazendo-nos acreditar que não vale a pena tentarmos ser algo que não somos, pois nunca seremos bem sucedidos.

  • String of Pearls”, ou “Fio de Pérolas”: tal como o nome indica, consiste na ideia de que a nossa vida é como se fosse um fio e, cada pérola, representando uma ação, só pode ser colocada por nós. No interior de cada uma das pérolas, há uma mancha que representa a imperfeição. Transmite-se assim a ideia de que em cada ação que tomemos, nunca seremos perfeitos. O objetivo é então simples: continuar e seguir em frente, estando conscientes dessa imperfeição.

  • The Shadow”, ou “A Sombra”: consiste na versão de nós próprios que queremos esconder e que encaramos com muita vergonha. É importante dialogarmos com essa parte, por mais desconfortável que possa ser, pois essa parte precisa da nossa atenção. Pergunte a essa parte o que sente em relação a si e à forma como a tratou e esteja atento à resposta.

  • “The Snapshot”, ou “A Foto”: também designado por “The realm of illusion”, ou “O reino da ilusão”. Consiste na procura incessante pela criação de uma experiência perfeita. No entanto, havendo três realidades às quais ninguém consegue escapar, a dor, a incerteza e o constante trabalho interno, é importante que nos libertemos dessa demanda, pois não será enriquecedora.

  • “The Maze”, ou “O Labirinto”: tal como com “A Foto”, o “Labirinto” é também um produto na nossa “Parte X”. Significa estarmos presos no passado, por sentirmos que não recebemos a justiça que outrora merecíamos. Neste cenário, é importante compreendermos que essa justiça nunca virá do exterior, devendo surgir de nós mesmos.

  • “Active Love”, ou “Amor Ativo”: na sequência da ferramenta anterior, surge esta do “Amor Ativo”, enquanto a nossa capacidade de colocarmos dentro de nós todo o amor do Universo e transmiti-lo a todos os que nos rodeiam, principalmente àqueles com quem não simpatizamos.

  • “Radical Acceptance”, ou “Aceitação Radical”: implica aceitarmos a nossa situação, por mais negativa que possa ser, sem nos julgarmos ou dizer algo negativo de nós mesmos. Aceitar e agir, por mais medo que tenhamos. Isto permite-nos encontrar algo com significado, em que tudo passa a ser encarado como uma oportunidade.

  • “Grateful Flow”, ou “Fluxo da Gratidão”: significa concentrarmo-nos naquilo que é positivo, independentemente do quão negativo possa ser o cenário em que nos encontramos. Mais do que sentir gratidão momentânea, importa mesmo é o processo de criação de gratidão.

  • “Loss Processing”, ou “Processamento da Perda”: permite-nos processar a perda e deixar-nos mais confortáveis com a ideia de perda. O que se pretende não é uma completa desvinculação das pessoas/ coisas, mas sim treinar a aproximação a essa ideia de perda.


O documentário termina com uma afirmação que me parece bastante adequada, “(…) o segredo da vida é reconhecermos que nunca vamos saber tudo”. Ou seja, que devemos reconhecer as nossas imperfeições e encará-las como oportunidades de crescimento e aprendizagem. A verdadeira felicidade reside no processo de construção, não no resultado final.




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